quarta-feira, 27 de fevereiro de 2008

Dos pijamas ao crime freqüente

Em primeiríssimo lugar, caro leitor, devo pedir desculpas por usar o trema no título. Como acho que ele é bastante útil à fonética, ainda tenho alguns deslizes e volto ao passado lingüístico (e novamente cometo o erro ortográfico).
Bem, hoje presenciei um episódio que me fez lembrar que não vivemos em uma democracia e que tudo o que é "público" significa que "não pertence ao povo" ou que "nenhum cidadão pode fazer uso livre de". Ao tentar estacionar em via pública- o que geralmente não faço em razão de minha rotina - às 19h45min, próximo a uma renomada faculdade fui abordada por um honesto trabalhador de rua, popularmente chamado de "flanelinha" ou, mais adequadamente, "guardador de carros". Ele não pediu dinheiro, apenas informou-me em tom deselegante que eu não poderia estacionar ali! Aparentemente ele "perdeu a vaga" porque o CET estava fiscalizando a região e autuando veículos estacionados em horário proibido (livre apenas após as 20h). O sujeito dirigiu-se ao veículo do CET para dizer, com muita raiva, que meu carro estava estacionado em frente a guia rebaixada e eu deveria ser multada. Após breve discussão o agente disse que o estacionamento ali era regular, mas que eu deveria dar uma volta no quarteirão e voltar à vaga porque ainda faltavam cinco minutos para a liberação legal da área. Justo. Liguei o carro. Dez segundos mais tarde vejo que um outro motorista está prestes a estacionar seu carro em minha vaguinha... Ele colou o carro atrás do meu. Não me movi. Ele passou à minha frente e engatou a ré. Não me movi. Buzinou. Continuei dentro do carro ligado e imóvel. O BMW foi então estacionado em frente à guia rebaixada e, como um grande ditador, o tal "flanelinha" deixa o veículo. Era também manobrista para algumas pessoas.
Com um pouco de medo, saí do carro e fui resolver o que precisava. Ao perguntar sobre estacionamento na região para a moça que me atendia, um choque. Um dos nobres "guardadores" cobrava R$180,00 para tomar conta do veículo estacionado em via pública! Absurdo! A que ponto chegamos?
Meia hora depois volto a meu veículo e, como suspeitava de represálias, dei uma volta no carro para ver se estava intacto. Eis que sou novamente abordada por um cidadão trabalhador que me assegura que o carro está perfeito e que ele espera minha contribuição. Minha resposta é a clássica: "Não tenho nenhum trocado". Ao que ele retrucou: "Você vai voltar, certo?". "Lógico". "Então a gente acerta o preço depois".
Se não estou enganada, este tipo de intimidação e abordagem é crime. Se estou certa, à exceção de lugares e horários proibidos, posso estacionar meu carro em qualquer rua sem ter nenhuma taxa adicional aos meus impostos. Se quiser segurança privada, pago um estacionamento fechado. Será que fiquei louca e os impostos estão todos suspensos e nós, o povo, devemos usar o dinheiro que seria usado para tal fim para pagar o "salário" dos gentis "flanelinhas"?
Ai que saudades da época em que flanela era apenas usada para dormir em dias frios...

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